terça-feira, 17 de novembro de 2015

CHUVA DE TSURUS

Entre várias opções na hora da escolha da decoração, os origamis estão ganhando cada vez mais espaço nos casamentos por aqui. Ou seja, mais uma novidade que caiu nos gostos das noivinhas (tanto daquelas que podem gastar mais, como as mais econômicas que optam por fazer tudo com as próprias mãos).

Entre buquês, decoração, numerador de mesa e porta guardanapos podemos ver uma variação enorme de formatos e cores, que trazem mais detalhes e personalidade ao casamento. Outra opção de origami que é muito querida pelas noivinhas (principalmente  com relação à sua lenda) são os tsurus, que normalmente são colocados em árvores ou até mesmo como fundo do altar ou de algum local para fotos.

Mas porque se tornou o queridinho das noivas? Acontece que os tsurus (origami em formato de pássaro) representam o desejo de saúde, felicidade, longevidade e boa sorte. Além disso, reza a lenda que a pessoa que fizer 1000 tsurus com um pedido em mente, terá seu desejo alcançado (agora vocês entendem porque caiu no gosto das noivinhas né?).

Vamos mostrar duas histórias: a primeira conta como surgiu a lenda dos tsurus no Japão; já a segunda, conta como esse ritual dos 1000 tsurus passou a ser conhecido e feito por todo o mundo.
Sobre o início da lenda:

“Certo dia, num tempo muito antigo, um pescador andando pela floresta, encontrou uma cegonha agonizando, quase à morte. Ele recolheu-a, tratou de sua doença e deu-lhe uma nova oportunidade de viver. Em seguida, soltou-a de novo para que fosse livre para seguir seu caminho.
Depois de um tempo desse acontecimento, apareceu uma linda moça para falar com o pescador e ofereceu-lhe um presente muito belo: um tecido feito com pena de cegonha, tecido muito puro e raro. A própria moça disse tê-lo feito, fio a fio, para entregar ao pescador. Mas, assim que lhe entregou o presente, a moça disse que não poderia dar ao pescador outro igual, mas não explicou o porquê.
Ganancioso, o pescador vendeu esse tecido por um preço bem alto, e de novo pediu à moça que fizesse outro tecido igual para ele. A garota, meio assustada e preocupada, não recusou, mas voltou a dizer ao pescador – Esse é o último, realmente não poderei fazer-lhe outro igual.
O pescador recebeu o segundo tecido como havia pedido, e notou que a moça estava muito abatida. Mas procedeu da mesma forma: o vendeu e pediu mais um à moça, que sem contestar atendeu a seu pedido, repetindo que não poderia fazê-lo novamente.

Desconfiado da moça e de seu abatimento, o pescador resolveu segui-la. Espiou pela fresta da janela e notou que não havia a moça e sim uma cegonha tirando suas últimas penas para tecer o tecido. Aquela era a cegonha que ele havia salvado a vida um dia, e estava morrendo novamente.

Quando o pescador aproximou-se, a cegonha virou rapidamente a moça, mas já sem forças ela não conseguiu permanecer na forma humana, olhou docemente e cheia de gratidão para o pescador e caiu no chão, totalmente sem penas, ofertando o tecido feito do próprio corpo – ela oferecera a sua vida para agradecer aquele que um dia a salvara.
Ao ver o que tinha causado, e desejando que o verdadeiro espírito de gratidão nunca morresse (e como forma de ser perdoado), o pescador passou a fazer cegonhas (tsurus) em origami e ofertar em todo Japão, desejando que as pessoas compreendessem e praticassem essa gratidão em suas vidas e, assim, tivessem uma vida longa e mil felicidades.”.

Essa é a lenda que conta como os tsurus começaram a ser entregues no Japão, porém a história que fez com que esses origamis tivessem tanto força e simbolizassem a realização de um desejo aconteceu com a história de uma menininha japonesa, Sadako Sasaki:

“Sadako nasceu em Hiroshima e tinha apenas dois anos de idade quando os americanos lançaram a bomba atômica sobre a cidade. Ela vivia distante do epicentro da bomba e juntamente com a mãe e o irmão, saiu ilesa ao ataque. Porém, durante a fuga, eles foram encharcados pela chuva radioativa (conhecida como chuva negra) que caiu sobre a cidade de Hiroshima e outras ao redor durante aquele dia.

Após o término da guerra, Sadako vivia uma vida normal com sua família e aos 12 anos, durante uma aula de ginástica na escola, a menina se sentiu muito mal. Os dias foram passando e o mal estar de Sadako só aumentou, sendo levada para o hospital, onde foi diagnosticada com leucemia (que na época foi apelidada de doença da bomba atômica). Durante a internação, em fevereiro de 1955, ela recebeu o aviso de que a previsão de sobrevida para ela era de 1 ano.
Em agosto desse mesmo ano, sua melhor foi visita-la no hospital e entregou-lhe de presente uma dobradura de tsuru e contou a lenda por trás do presente. Sadako então decidiu fazer os mil tsurus, desejando sua recuperação.

Em dado momento, Sadako compreendeu que sua doença era fruto da guerra e, mais do que desejar apenas a sua própria cura, ela desejou a paz para toda a humanidade, para que nenhuma criança mais sofresse pelas guerras. Ela disse sobre os tsurus: - Eu escreverei paz em suas asas e você voará o mundo inteiro.
Na manhã de 25 de outubro de 1955, Sadako montou seu último tsuru e faleceu. Ela não conseguiu completar os 1000 origamis, fizera apenas 644. Mas seu exemplo tocou profundamente seus colegas, que terminaram as dobraduras que faltavam para completar os 1000 pássaros, para serem enterrados com ela.
Sensibilizados com a história da colega, os amigos formaram uma associação e inciaram uma campanha para construir um monumento em memória à Sadako e todas as crianças mortas e feridas pela guerra, que se concretizou em 1958.”

Enfim, vocês entenderam qual o intuito dos pássaros de origami, não é mesmo? É a ideia de boa sorte, saúde, paz e prosperidade – tudo aquilo que uma noivinha deseja para o grande dia e seu casamento.


Além disso, eles são lindos, não é mesmo?







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